quinta-feira, 26 de março de 2009

Que me venha esse homem*



Que me venha esse homem
depois de alguma chuva
que me prenda de tarde
em sua teia de veludo
que me fira com os olhos
e me penetre em tudo.

Que me venha esse homem
de músculos exatos
com um desejo agreste
com um cheiro de mato
que me prenda de noite
em sua rede de braços
que me perca em seus fios
de algas e sargaços.

Que me venha com força
com gosto de desbravar
que me faça de mata
pra percorrer devagar
que me faça de rio
pra se deixar naufragar.

Que me salve esse homem
com sua febre de fogo

* INCONFESSÁVEL





Eu pecadora, não confesso
e nego até morrer
o incontido desejo que tenho
de te ver!

Visto a fantasia
que era tua e minha
escondo as unhas negras
tentando despistar.

Mas meu coração acusa
o meu poema abusa
meu verso só me trai
quero-te cada vez mais!

Quero-te na chuva
um verso a declamar
quero-te louco, insano
parceiro desse amar.

Quero-te sob o sol forte
perdendo o rumo, o norte
bailando pela vida
sem nada pra buscar.

Quero-te nos meus braços
vivendo o descompasso
do senso e da razão
seguindo o coração.

Quero-te velho ou menino
anjo ou guerreiro tanto faz
que sejas meu algoz
na guilhotina desse amar.

Quero-te forte ou fraco
que me tenhas nos braços
ou em meu colo estar
tudo que eu quero... te amar!